“Afinal, para que fui me casar?”
A mulher ainda jovem, recostada contra o travesseiro, olha o homem que dorme ao seu lado, de costas para ela. O vazio que sente dentro de si parece distante dos sonhos de alguns anos atrás, do tempo de namoro e noivado. Naqueles tempos eles conversavam, faziam planos juntos, andavam de mãos dadas, trocavam olhares cheios de amor e compreensão. E agora? Casa, compras, filhos, trabalho, contas... Tantas coisas para administrar na vida cotidiana que eles não tem mais tempo de se curtir. Estão apenas juntos, ou melhor, dormindo juntos. Mesmo nos raros momentos que trazem um pouco de intimidade parecem dominados por uma necessidade mais urgente. Os sonhos que tinham para o casamento parecem irreais. Agora pouco conversam, parece mais uma troca de informações do que dois corações se tocando na intimidade de um relacionamento. Sobrou apenas um vazio no lugar. Um quadro cinzento. “Foi para isso que eu casei?”. Pergunta-se ela mais uma vez. Aquela vozinha insistente não lhe dá trégua, fazendo perguntas que ela tem medo de responder.
Toda mulher casada já passou por momentos de dúvidas e angústias como esse. Seja a mulher mais sofisticada dos grandes centros urbanos, seja a mais simples do sertão, todas temos um anelo em comum. Desejamos um relacionamento que dê significado a nossas vidas, que nos diga que somos alguém importante, que nos faça sentir que fazemos uma diferença por quem somos, por estarmos ali e contribuirmos. Por isso a instituição do matrimônio, apesar de doente, não morre. As pessoas continuam buscando a realização desse profundo anelo, unindo-se um ao outro pelos laços do casamento. O ingrediente essencial em todas as bodas, além dos noivos, é a esperança. Entretanto, a realidade do relacionamento conjugal parece muitas vezes rude, maçante, trabalhosa, frustrante. “Antes de casar a gente arruma todos os sonhos e coloca com muito carinho dentro de uma maleta para uma nova vida; Depois da cerimônia de casamento, a primeira coisa que o marido faz é jogar a maleta pela janela” – confessou com tristeza uma jovem. Talvez para a maioria de nós, a rejeição dos nossos sonhos não seja tão óbvia assim, entretanto, ao longo da caminhada de cada esposa, chega um momento em que ela se questiona a finalidade de sua própria existência.
Tentamos buscar em outras fontes a realização pessoal que tantas vezes nos falta no seio da família. Estudos, trabalho fora de casa, carreiras em muitas áreas, atividades na igreja, como voluntária. Tudo para preencher o vazio que lhe rouba a alegria de viver. Porém, mais cedo ou mais tarde, percebemos que o vazio não sumiu, antes se transformou num buraco negro, sugando para dentro de si tudo aquilo que procurava tapá-lo.
Como mulheres , temos a missão de sermos as aliadas dos homens em geral, e as ajudadoras de nossos maridos em geral. A palavra ajudadora indica associação, relacionamento. Quem ajuda, ajuda alguém a fazer alguma coisa. Por isso jamais encontramos o verdadeiro senso de realização fora dos relacionamentos. Para desempenhar bem essa função, para qual fomos criadas, na cultura que for, na época da história que for, precisamos examinar nosso papel como ajudadoras. Não tentando nos amoldar ao que a cultura quer nos ditar em determinado momento, mas moldando as nossas vidas nos padrões de Deus.
Quando começarmos nossa jornada, não temos idéia de onde esse plano nos levará. Por isso, é nas coisas corriqueiras da vida, no desempenho e empenho que dedicamos as coisas que são colocadas diante de nós a cada dia, que vai trabalhando o significado maior da nossa existência. Devemos a cada dia decidir vivermos ou não dentro dos propósitos de Deus.
Principe Egler